segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Contação de História "A Sabedoria do Buda Vermelho"

Contadora de histórias Aneri Strack
em parceria com Encontros de Leitura.
 
Casa das Artes, Centro de Estudos Budistas Bodisatva
Set / 2012
Olhem: a Escola Caminho do Meio já chegou!
Todos prontos?

"A Sabedoria do Buda Vermelho", idealização de Aneri Strack.

Como que por magia, os personagens vão sendo
 construídos na história.

O momento da sabedoria vermelha...  
"Lembram o que o Buda Vermelho disse aos
 personagens que estavam brigando, a Manu e o Juca?"

"Para melhor saber o que fazer, vamos sentar e respirar..."

"Sentar e silenciar para observar melhor
 o que está acontecendo..."
Relembrando a história...
"Quem quer aprender a fazer os bonequinhos?"


quinta-feira, 26 de setembro de 2013

"Sozinha", de Márcia Leite


Fecho o livro Sozinha, de Márcia Leite, com o sentimento de Sozinha.

Fecho o livro e retorno: impulsivamente reabro-o várias vezes para rever algum detalhe, discutir qual era mesmo a idade da Jú, se dezessete ou dezoito. Com a desculpa talvez de querer saber um pouco mais do livro? Ou da Jú, ou da Márcia. Afinal, de quem foi a responsabilidade de fazer chegar até nós a solidão (ou solitude) de Júlia.

Não sei se conseguirei deixar o livro fechado, ou melhor, as cartas fechadas, envelopadas, afastadas de meus olhos. Porque sempre há mais um motivo para reabri-lo. Ou para não querer deixar de ser uma testemunha, uma espiã - observando pelo buraco da fechadura do coração de Júlia tudo que ali se passava, causando-me, por vezes, um tanto de constrangimento tal intimidade que rapidamente se instalara. Ou ainda, nessa desculpa, permanecer em contato com meus próprios sufocos e desassossegos frente à impermanência da vida a que estamos sujeitos, numa forma de recostar minha cabeça no ombro amigo de alguém que passa ou passou, pela experiência da morte e do vazio. Experiência que faz parte da minha vida e que sempre me espreita, espreita a todos.

Com as mãos indecisas fecho o livro, devolvo seu invólucro secreto às cartas cheias de filha de Júlia. Ela, à procura de uma cumplicidade. Eu, no encontro com esta através da busca de Jú. Mas devo fechá-lo pois preciso abrir outros livros, outras notícias, outras cartas.

Adormeço as páginas de Sozinha, de Márcia Leite, com o coração escancarado, com os olhos da alma úmidos, lágrimas que chorei por dentro. Sozinha, como há de ser.

Por Angela Hofmann, nov / 2012.

Sozinha
Márcia Leite
Ed. Edelbra
2012

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A Primavera de todos nós


"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e voltar sempre inteira." 
Cecília Meireles. 


Em “A Primavera de Cecília, Beatriz Abuchaim situa a primavera de todos nós com contos delicados, sob um olhar preciso e sensível tratando das coisas que nos acontecem, tendo como protagonistas adolescentes. Nada mais primaveril.

Em minha leitura, as cenas passaram-se rápidas, mas com a duração exata do que cada palavra queria transmitir. Facilmente transportei-me e vivi na primeira pessoa cada um dos personagens. Beatriz toca no ponto da alma sonhadora, da alma que se confronta e que se refaz, tonta de sentimento. Profunda, é o que posso dizer. Simples, como é a vida.

"Vovô achava que as ideias são como ondas do mar. Todas elas contêm uma promessa de recuo, uma promessa de crescimento e uma promessa de avanço. “Seja terra para suas ideias, Cecília. Permita que elas arrebentem em você, absorva o sal que elas carregam, deixe os caranguejos invadirem seus espaços, amoleça seu corpo, sejas porosa ao afago das ondas. Todos estamos fadados ao ir e vir do que queremos que volte e do que desejamos que desapareça. A bênção, com ares de maldição, acontece sempre.” (ABUCHAIM, 2012, p.72-73).


Por Angela Hofmann, nov / 2012.

A Primavera de Cecília
Beatriz Abuchaim
Ed. Artes Ofícios
2012

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Pincel e Nuvem

O diário de Nina


             As nuvens que vejo hoje estão esparsas. Como miragens borradas, aquareladas em céu de mar calmo. Poucas imagens eu vejo, mas consigo definir um peixe, daqueles com cara de caveira... Um sapo sorrindo. Hum, essa é boa, só mesmo minha imaginação que enxerga um sapo sorrindo. Será que eles sorriem? Ops! Cadê o peixe? Já se desfez em meio ao movimento que não vigiei... Para onde ele fora? No que se transformara? Está bem! Está bem! Sei que ele, ou melhor, a nuvem dele continua por lá, e que se movimentou, uma parte sua evaporou, outra se espalhou, outra se juntou com outra nuvem e o vento fez o casamento delas. Embolou, enrolou, foi com a brisa, que lá em cima deve ser vento forte, acredito.

              O que dá a forma à forma? Isso eu comecei a pensar assim que percebi que nenhuma de todas as nuvens que observei até agora conseguiram durar no tempo. Todas se desmancharam bem na frente dos meus olhos! Não foi ninguém que me contou, eu mesma vi! Consegui guardá-las na memória, cheguei a fazer coleções de nuvens quando era menor: nuvens-coelho, nuvens-gato, nuvens-monstro, nuvens-melancia, nuvens-homenzinho, nuvens-bonecos, nuvens-castelo, nuvens-chaleira, nuvens-tubarão, nuvens-cavalinho, nuvens-menina... Nuvens-nada. Com as minhas mãos cheguei a modelar, enquadrando assim, com os dedos uma parte de nuvem que seria uma carinha sorrindo, podia ser um retrato de alguém. Quando eu tirava o enquadramento dos dedos, poderia ser outras coisas, já não mais parecia o que eu disse que era. Acho que existiu só na minha imaginação que olhava pra ela.

                 Agora já não tem mais nenhuma das primeiras formas que vi hoje. O sapo então, nem sei para onde foi, acho que virou girino, rsrsrs. Agora o céu está só riscado de nuvem, ainda cheio, mas não vejo mais os bichos, as coisas... O céu também cansou de inventar.

                Tem momentos em que há só o céu, nadinha de nuvens. Céu limpo, como dizia minha avó.. Céu limpo, pergunto? Não seria então apenas ele no que ele mesmo é: o céu? Olho de novo: sendo céu limpo ou sendo céu cheio, é o mesmo céu que está lá. Tendo ou não nuvens, eu fico imaginando. 


                    Eu e meu amigo Lando gostamos de inventar histórias enquanto imaginamos as nuvens sendo o que queremos que elas sejam. Mesmo as histórias que inventamos também desaparecem, viram fumaça no ar. Vão para o mesmo lugar que vão as nuvens: mistério! Migram para o Canadá?

                    No final das contas o que nunca muda é o céu mesmo. Sempre está lá, palco de nossas histórias inventadas, modeladas na nossa imaginação. E você, o que está vendo nessas nuvens?



domingo, 15 de setembro de 2013

De onde surgem as histórias

Como surge um conto que vai se transformar em um livro?
De onde surge a inspiração? 
Existe uma história por detrás da história que se lê no livro que se saboreia já prontinho. 
Para mim, as histórias me vêm como lufadas de vento: não sei bem de onde, mas tomam uma direção determinada e atravessam a mente de um jeito que só vento, ou melhor, que só vendo!
Histórias tomam tantas formas, nos contam tantas notícias de lugares até então desconhecidos, nos deixam estupefatos a perguntar de onde saiu tanta ideia, tanta história dentro da história de cada personagem. Tanto passado, presente e futuro de gente e bicho que ainda há pouco nenhum de nós sonhava existir, mas que passou a existir na mente e agora vai passear em tantas outras pessoas que se achegarem. É assim que os personagens ganham vida, atributos, formas e sensações diferenciadas, dependendo de quem os lerá. 
Uma história não é só uma história, ela é muito mais. Ela se torna muito mais que uma... se torna tantas quantos forem os leitores, os expectadores, os ouvintes. 
Todos estão convidados a imaginar.
Angela Hofmann